Teoria Rogeriana: Aprendizagem Centrada na Pessoa
“O único homem que se educa é aquele que aprendeu como aprender: que aprendeu como se adaptar e mudar; que se capacitou de que nenhum conhecimento é seguro, que nenhum processo de buscar conhecimento oferece uma base de segurança”. (ROGERS apud COELHO e JOSÉ, 1993 p.9)
A teoria de Carl Ransom Rogers nos remete a uma reflexão sobre o processo de aprendizagem que permeia a educação tradicional instigando-nos ao desenvolvimento de um posicionamento crítico no sentido de propor mudanças a esse processo apontando assim caminhos para a construção de uma aprendizagem mais significativa para o aprendiz, onde esta, “é mais que uma acumulação de fatos, é uma aprendizagem que provoca uma modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação futura que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade. É uma aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de conhecimentos, mas que penetra profundamente todas as parcelas da sua existência”.(ROGERS, 2001)
Voltada para uma abordagem centrada na pessoa e utilizando o método da não diretividade (ou seja, o professor não interfere diretamente no campo cognitivo e afetivo do aluno), a proposição de Rogers implica num modelo de educação onde o indivíduo tenha liberdade e responsabilidade na escolha de caminhos que possam subsidiar a construção do conhecimento e que este só se concretiza quando o aluno é um agente ativo e o professor visto como um facilitador nesse processo. Dentro desse contexto, o estudante é o centro da sala de aula, podendo selecionar conteúdos que considera relevante para sua vida mantendo a partir daí, uma relação interpessoal com o facilitador que por sua vez deve ser autêntico, confiar na potencialidade de cada aluno possibilitando liberdade de expressão sem nenhum preconceito ou aversão e, ao contrário da aplicação de uma avaliação formal, facilitar o processo de auto-crítica e auto-avaliação por parte do aluno.
Está explícito no discurso de Rogers a sua inquietação acerca da metodologia adotada pelas escolas tradicionais onde suas regras são impostas de maneira vertical, ou seja, de cima para baixo, sendo o aluno percebido como um ser passivo, neutro diante da tomada de decisão acerca de sua aprendizagem.As escolas preparam seu currículo preocupadas no que deverão ensinar a seus alunos quando na verdade a proposta deveria ser outra, ou seja, “o objetivo de nosso sistema educacional, desde a escola maternal até a escola de pós-graduação, deve derivar-se da natureza dinâmica de nossa sociedade caracterizada por mudança, não por tradição, por processo, não por rigidez estática”, seu objetivo “deve ser o desenvolvimento de pessoas ‘plenamente atuantes’.(MILHOLLAN e FORISHA, 1978. p.175-176).
Apesar de alguns críticos considerarem utópica e irrealizável, a teoria rogeriana é bastante instigadora e revolucionária e, para que a mesma seja colocada em prática é necessário que ocorra uma mudança no âmbito educacional no sentido de proporcionar uma práxis pedagógica mais centrada no aluno, levando em conta seu real interesse,seus sentimentos, emoções, e esse objetivo é alcançado mais facilmente quando o professor na posição de facilitador, busca uma relação mais democrática com o aluno demonstrando preocupação e interesse pelo mesmo, facilitando assim o processo de aprendizagem.
Abordagem Centrada na Pessoa: qualidades que facilitam a aprendizagem
“Não podemos ensinar, apenas podemos facilitar a aprendizagem” (ROGERS, 1986 apud CAPELO, s/d). Para Rogers, em sua Abordagem Centrada na Pessoa, o professor não é mais visto com centro do processo ensino-aprendizagem, onde o docente era o detentor do conhecimento, e esse, transferia as informações para os seus alunos. Pelo contrário, na teoria de Carl Rogers, o professor é visto como um facilitador, onde não é o docente que ensina e sim o aluno que aprende, o importante não é o que ele aprende, e sim como ele aprende. O papel do professor facilitador é instigar o aluno, atiçar a sua curiosidade e desafiá-lo a buscar novos conhecimentos. Para que esse processo aconteça, de acordo com Rogers, é necessário um conjunto de qualidades que transformam o professor em facilitador da aprendizagem, são elas:
· Autenticidade ou Congruência, Rogers no livro Pessoa para Pessoa, define esses termos: “em primeiro lugar, a minha hipótese é que o crescimento pessoal é facilitado quando o conselheiro é aquele que, na relação com o cliente, é autêntico, sem máscara ou fachada, e apresenta abertamente os sentimentos e atitudes que nele surgem naquele momento. Empregamos a palavra ‘congruência’ para tentar descrever esta condição”, ou seja, o professor na condição de facilitador ele é autêntico, sem disfarce ou falsidade, ele se assume como ele é, com defeitos e qualidades, tristezas e alegrias, e essa transparência é que cativa os alunos e conquista a confiança deles;
· Compreensão Empática como a “capacidade de se emergir no mundo subjectivo do outro e de participar na sua experiência, na extensão em que a comunicação verbal ou não verbal o permite. É a capacidade de se colocar verdadeiramente no lugar do outro, de ver o mundo como ele o vê” (ROGERS; KINGET,1977 apud GOBBI et al, 1998), ou seja, é a capacidade do professor facilitador de se colocar na posição de aluno, podendo assim compreender quais as dificuldades dos estudantes, valorizando-os enquanto ser;
· Aceitação Positiva Incondicional é aceitar o outro da maneira que ele é, sem preconceitos ou julgamentos, com respeito e apreço pelas expressões dos seus alunos. O facilitador confia no estudante e acredita que ele é um ser em transformação.
Em suma, para que a aprendizagem seja significante para o educando, é necessário que haja uma boa relação interpessoal entre o facilitador e o aprendiz, e essas qualidades acima citadas são as bases para essa relação, proporcionando assim uma esfera de bem estar emocional e intelectual onde o desenvolvimento da aprendizagem terá um maior aproveitamento.