Aquelas apresentações de PowerPoint, que você prepara com tanto empenho para acompanhar a sua palestra, podem estar com os dias contados. Uma série de pesquisas efetuadas pela Universidade de New South Wales, de Sydney, vem dando suporte a uma teoria de que sempre suspeitei: é mais difícil processar informação que chega até você em forma escrita e falada ao mesmo tempo.
Apontam essas descobertas que, no que diz respeito ao aprendizado, a redundância é nociva. O cérebro humano processa e retém mais informação se ela chega até ele nas formas verbal ou escrita, mas não nas duas ao mesmo tempo. Quem já foi a uma igreja evangélica deve ter testemunhado o costume: o preletor invariavelmente convida sua audiência a acompanhar nas suas próprias Bíblias a leitura de alguma passagem enquanto ele lê em voz alta lá na frente. À luz dos experimentos realizados pela UNSW, a prática não teria como ser mais contraproducente. O teor das passagens seria melhor compreendido e melhor assimilado se fossem ouvidas ou lidas separadamente. Ler e ouvir ao mesmo tempo um determinado conteúdo apenas induz a uma atenção dividida (e portanto à distração) e aumenta o valor da carga cognitiva.
É mais difícil processar informação que chega até você em forma escrita e falada ao mesmo tempo.
Carga cognitiva, conceito desenvolvido na UNSW pelo professor John Sweller, é a quantidade total de atividade mental imposta sobre a memória útil em determinado momento de tempo. Decorar uma série de dois números (digamos 32) corresponde a uma carga cognitiva de 2; decorar uma série de 16 números (digamos, 8372658497146372) tem uma carga cognitiva de 16. “O uso de apresentações de PowerPoint tem sido um desastre,” afirma o professor Sweller. “Ela deveria ser abandonada por completo”.
“É prática eficaz falar com o auxílio de um gráfico ou de um diagrama, porque esses apresentam a informação sob uma forma diferente. Porém não é eficaz falar as mesmas palavras que estão escritas, porque isso aumenta a carga cognitiva sobre a mente e diminui a capacidade dos ouvintes de entender o que está sendo apresentado”.
Pela mesma razão, sugerem as descobertas, pode ser mais eficaz examinar com seus alunos problemas já resolvidos do que convidá-los a resolverem problemas por si mesmos. Examinar um problema já resolvido reduziria a carga sobre a memória útil e aumentaria a eficácia do aprendizado.